A linguagem é um dos pilares da vida em sociedade e extremamente útil para o sistema de relação que inventamos, tornando-se quase impossível imaginar um dia inteiro sem se comunicar nos dias de hoje. Mas, assim como os seres humanos nem sempre existiram, a linguagem também levou tempo para surgir, primeiro na forma falada e, muito mais tarde, na escrita.

Sem registros diretos daquela época, cientistas dependem de evidências arqueológicas e teorias para tentar reconstruir essa história. Um estudo recente do arqueólogo britânico Steven Mithen, da Universidade de Reading, trouxe uma nova perspectiva ao sugerir que a linguagem pode ter surgido há cerca de 1,6 milhão de anos, muito antes da estimativa tradicional de 200 mil anos.

Mas como os primeiros humanos se comunicavam antes de desenvolver a fala? Há duas principais hipóteses sobre isso. Uma delas propõe que os ancestrais humanos começaram imitando sons da natureza, como o canto dos pássaros e o som do vento, evoluindo gradualmente para a criação de palavras.

Já a outra teoria sugere que a comunicação começou por meio de gestos e expressões faciais, que depois incorporaram sons até que a fala substituísse totalmente os sinais, uma vantagem evolutiva, já que permitia a comunicação mesmo sem contato visual. Essa tepria então dá prioridade para a comunicação não verbal, ou reconhecimento facial de emoções primárias que se vê até mesmo em bebês.

É claro que os primeiros sons emitidos pelos humanos primitivos não eram palavras como as que usamos hoje. Provavelmente, eles tinham um vocabulário muito reduzido, baseado em sons específicos combinados com gestos. Somente com a criação de palavras individuais e uma estrutura gramatical mais elaborada é que a comunicação evoluiu para planejar ações futuras, envolvendo palavras e frases.

Alguns aspectos da linguagem primitiva ainda podem estão presentes nos idiomas modernos. As primeiras palavras faladas provavelmente descreviam elementos essenciais da vida humana, como animais, objetos e eventos marcantes com sons simples, ditando palavras de apenas duas letras como “ou, ei e etc”. Ou seja, mesmo que a linguagem tenha se transformado radicalmente ao longo do tempo, sua base começou muito antes do que imaginávamos.