Rocha lunar revela vulcões ativos na Lua e choca cientistas
Os cientistas chineses descobriram que o material contém rochas basálticas formadas há aproximadamente 2,8 bilhões de anos, indicando que essa área era vulcanicamente ativa

Após cinco meses do retorno do módulo lunar chinês Chang’e-6 à Terra, foram publicados dois artigos detalhando os achados feitos no lado oculto da Lua. Esta missão foi pioneira ao aterrissar e coletar amostras dessa região inexplorada. Os estudos, divulgados nas revistas Science e Nature, lançam novas luzes sobre a história geológica lunar e suas diferenças entre as duas faces do satélite.
Foram trazidos à Terra cerca de 1,9 kg de solo lunar, que passaram a ser analisados prioritariamente pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA). Os cientistas chineses descobriram que o material contém rochas basálticas formadas há aproximadamente 2,8 bilhões de anos, indicando que essa área era vulcanicamente ativa em períodos mais recentes do que os conhecidos anteriormente.
Além de sua idade, as novas amostras revelaram diferenças químicas significativas. Enquanto as rochas do lado visível são ricas em elementos radioativos como potássio e fósforo, conhecidos por gerar calor e favorecer atividades vulcânicas, os fragmentos analisados pela Chang’e-6 mostraram maior presença de tório, o que levanta dúvidas sobre os mecanismos que sustentaram a atividade vulcânica na região. Essas questões aumentam o mistério sobre a evolução do lado oculto da Lua, cuja crosta é mais espessa e menos marcada por mares vulcânicos, ocupando apenas 2% de sua superfície.
Os estudos também apontam que a Lua pode ter mantido estado magmático por mais tempo do que o estimado, prolongando sua atividade geológica. Para determinar a idade das amostras, os pesquisadores usaram técnicas de decaimento de isótopos de chumbo, um método preciso, mas que depende da obtenção de amostras diretamente do local. Isso reforça a importância de novas missões de coleta para entender melhor o satélite natural.
Com o avanço das análises, outras organizações científicas, incluindo a NASA, poderão estudar as amostras após o período exclusivo de pesquisa da CNSA. Esses fragmentos prometem contribuir significativamente para responder perguntas cruciais sobre a história vulcânica da Lua e suas diferenças estruturais, ampliando nossa compreensão sobre a formação e evolução de corpos celestes.