O calor extremo, além de desconfortável, pode prejudicar seriamente nossa saúde. Devido a uma combinação de fatores fisiológicos e comportamentais, as crianças são mais vulneráveis a doenças graves relacionadas ao calor, como insolação e exaustão.

Um novo estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, analisou as visitas ao departamento de emergência (DE) e as internações hospitalares não planejadas entre crianças em New South Wales, durante dias de onda de calor. Os resultados apontaram um aumento significativo no número de crianças que buscaram atendimento hospitalar, em comparação a dias com temperaturas mais amenas, devido a uma variedade de problemas de saúde.

As crianças possuem uma maior proporção entre a área da superfície da pele e a massa corporal, o que pode ser uma vantagem para a transpiração, pois elas conseguem perder mais calor por evaporação em relação à sua massa corporal. Contudo, isso também significa que podem perder fluidos e eletrólitos mais rapidamente, tornando-as mais suscetíveis à desidratação.

Além disso, crianças mais novas, especialmente os bebês, não conseguem suar tanto quanto crianças mais velhas ou adultos, o que limita sua capacidade de se refrescar de forma eficiente. Em geral, as crianças tendem a realizar mais atividades físicas ao ar livre, o que as expõe ainda mais às temperaturas elevadas.

O estudo definiu o calor extremo como “dias de onda de calor”, caracterizados por pelo menos dois dias consecutivos com temperatura máxima diária acima do 95º percentil para a área relevante, medido por um índice climático térmico universal. Esse índice variou de 27°C a 45°C, dependendo da região. Os resultados foram avaliados com base em aproximadamente 8,2 milhões de visitas ao pronto-socorro e 1,4 milhão de internações hospitalares não planejadas de crianças de 0 a 18 anos em NSW, entre 2000 e 2020.

A pesquisa revelou que as internações hospitalares relacionadas ao calor eram 104% mais prováveis em dias de onda de calor, em comparação com dias sem ondas de calor. Já as visitas ao pronto-socorro eram 78% mais prováveis. Doenças relacionadas ao calor incluem uma ampla gama de condições, desde problemas menores, como desidratação, até situações de risco de vida, como insolação.

Bebês com menos de um ano apresentaram o maior risco de visitas ao pronto-socorro e internações hospitalares por qualquer motivo, em comparação com crianças mais velhas. Isso ocorre porque os bebês não conseguem regular a temperatura corporal de maneira eficiente e dependem totalmente de seus cuidadores para mantê-los frescos.

Protetor solar e chapéus são importantes para proteção ao ar livre, mas não são especialmente eficazes para manter o corpo fresco. Borrifar água na pele da criança — não apenas no rosto, mas também nos braços, pernas e tronco — pode ajudar a regular a temperatura. Outra ideia é molhar os chapéus.

A hidratação adequada em dias quentes é essencial. Pausas regulares para beber água, incluindo o oferecimento antes, durante e após atividades físicas, são fundamentais. Além disso, alimentos com alto teor de água, como melancia e laranja, podem auxiliar na hidratação.