Por volta de 1500 a.C., os egípcios começaram a dividir o dia em períodos menores, utilizando relógios solares, que eram estacas no chão projetando sombras diferentes ao longo do dia. O intervalo entre o nascer e o pôr do sol era dividido em 12 partes, influenciados pelo sistema duodecimal, que eles preferiam ao decimal.

Acredita-se que essa preferência se devia à observação de 12 ciclos lunares anuais ou aos 12 segmentos dos dedos das mãos, excluindo os polegares. À noite, sem os relógios solares, os egípcios usavam estrelas ou clepsidras (relógios de água), mas as horas tinham durações variáveis, mais longas no verão e mais curtas no inverno.

A ideia de dividir o dia em 24 horas iguais surgiu mais tarde, na Grécia antiga. O astrônomo Hiparco (190 a.C.–120 a.C.) foi o primeiro a sugerir essa padronização, utilizando o sistema sexagesimal herdado dos babilônios, que por sua vez o receberam dos sumérios. Esse sistema baseava-se no número 60 por sua versatilidade matemática: ele é divisível por vários números (1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 20 e 30). Vestígios desse sistema ainda estão presentes hoje, como nos 360 graus de um círculo.

Eratóstenes (276–194 a.C.) aplicou o sistema sexagesimal à geografia, traçando linhas de latitude em torno do globo. Ele também foi o primeiro a calcular a circunferência da Terra, confirmando sua forma esférica. Posteriormente, Hiparco padronizou essas linhas, adicionando longitudes e alinhando-as à geometria terrestre.

No tratado Almagesto (150 d.C.), Ptolemeu aprimorou essas divisões, criando os conceitos de minutos e segundos ao subdividir graus em partes menores: cada grau foi dividido em 60 “minutas”, e estas, em 60 “segundos”. Com a queda de Roma, muito do conhecimento grego se perdeu ou foi preservado por culturas árabes.

Entre os séculos 8 e 11, cientistas árabes reintroduziram essas ideias no Ocidente. Al-Biruni, no século 11, detalhou tabelas astronômicas com frações de tempo como minutos e segundos, mas essas divisões ainda eram pouco conhecidas pela população geral.

Foi apenas no século 14, com a invenção dos relógios mecânicos instalados em igrejas, que as horas passaram a ter durações fixas. Esses relógios tocavam para marcar o tempo e chamar os fiéis às orações. No século 16, os primeiros relógios portáteis popularizaram o uso dos minutos e segundos, consolidando o sistema que usamos até hoje.