A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela organização do Oscar, conta com cerca de 10 mil membros espalhados pelo mundo, sendo que aproximadamente 9.500 estão aptos a votar. Esse número cresceu em pelo menos 65% desde 2013, resultado de uma iniciativa para tornar a premiação mais diversa e inclusiva. O esforço trouxe para a Academia mais mulheres, pessoas não brancas e profissionais de fora dos Estados Unidos, tornando a votação menos centrada em Hollywood.

Entre os membros votantes, mais de 50 são brasileiros, incluindo atores como Wagner Moura, Alice Braga, Rodrigo Santoro e Sônia Braga, além de diretores renomados como Fernando Meirelles, José Padilha, Walter Salles, Karim Aïnouz e Kleber Mendonça Filho. Curiosamente, esses artistas e cineastas brasileiros mantêm um grupo de WhatsApp onde trocam impressões sobre a premiação e o mercado cinematográfico.

A Academia é dividida em 17 ramos, que representam diferentes especialidades do cinema, como atuação, direção, roteiro, fotografia, maquiagem e outras áreas técnicas. Cada profissional só pode fazer parte de um único ramo, mesmo que atue em mais de uma função. Na hora de escolher os indicados ao Oscar, cada membro vota apenas dentro de sua área de atuação, com exceção das categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, que são decididas pelo voto de todos os membros da Academia.

Algumas categorias exigem uma votação preliminar para reduzir a lista de possíveis indicados antes da decisão final. A votação acontece de forma online e secreta, sem possibilidade de saber em quem cada votante escolheu, a menos que ele decida revelar sua opção. Os indicados são anunciados em uma transmissão ao vivo no site oficial do Oscar.

Para concorrer à estatueta, um filme precisa atender a algumas exigências específicas. Ele deve ter pelo menos 40 minutos de duração e precisa ter sido exibido comercialmente em um cinema de Los Angeles por pelo menos sete dias consecutivos. Além disso, a produção deve ser oficialmente inscrita para a disputa.

Mas não basta apenas cumprir os requisitos técnicos, já que a fase de indicações envolve uma intensa campanha dos estúdios e distribuidores, que promovem exibições exclusivas, entrevistas, jantares e até enviam cópias dos filmes para os votantes na esperança de que eles assistam às obras e as considerem na votação.

A escolha do vencedor segue um processo relativamente simples para a maioria das categorias: ganha quem recebe o maior número de votos. No entanto, a categoria de Melhor Filme adota um sistema chamado de “urna preferencial”, um método que busca garantir que o vencedor seja aquele com maior aceitação geral entre os votantes. Funciona assim: cada membro da Academia ranqueia os indicados de acordo com sua preferência, do mais ao menos favorito.

Em um primeiro momento, são contabilizados apenas os votos de primeiro lugar. Se algum filme receber mais de 50% desses votos já na primeira rodada, ele automaticamente vence. Porém, como isso raramente acontece, o filme com menos votos é eliminado, e os votos que ele recebeu passam a ser redistribuídos de acordo com a segunda opção indicada por cada votante. Esse processo continua até que algum filme atinja a maioria absoluta de votos, garantindo que a produção premiada seja aquela que mais agradou a um número maior de votantes.

Esse sistema de votação torna a disputa pelo Oscar ainda mais estratégica, já que nem sempre o filme mais aclamado pelo público ou pela crítica tem vantagem. O método favorece produções que consigam agradar a um consenso maior dentro da Academia, evitando vitórias polarizadoras. Agora que você sabe como funciona a escolha dos vencedores, já pode assistir à cerimônia do Oscar entendendo melhor o que acontece nos bastidores da premiação mais importante do cinema.