Você já ouviu a expressão “é preciso voltar para seguir em frente”? Na tradição dos povos Akan, da África Ocidental, esse conceito é representado pelo sankofa, um símbolo poderoso que ensina a importância de olhar para o passado para aprender e avançar.

O sankofa é retratado de duas formas principais: um pássaro mítico que olha para trás enquanto segura um ovo no bico, e um coração estilizado. Ambas as representações remetem ao mesmo princípio: revisitar o passado, seja para buscar sabedoria ou para reconectar-se com raízes e valores essenciais.

Na cultura Akan, os símbolos adinkra, como o sankofa, têm um papel central. Eles não apenas decoram tecidos, paredes e objetos, mas carregam mensagens profundas e provérbios sobre a vida. Essa tradição surgiu na região que hoje compreende países como Gana, Costa do Marfim, Togo e Burkina Faso, e é atribuída ao rei Nana Kofi Adinkra, que incorporou esses conceitos em tecidos usados por sua comunidade.

Mas o sankofa transcendeu fronteiras e chegou ao Brasil com os povos escravizados. Aqui, ele ganhou espaço em grades, portões e janelas de ferro, especialmente em regiões onde a metalurgia era dominada por africanos e seus descendentes. Esses artesãos usavam suas habilidades não apenas para o trabalho forçado, mas também como um meio de preservar e comunicar sua herança cultural.

A mensagem do sankofa ganhou ainda mais relevância no Brasil contemporâneo, especialmente dentro da luta por igualdade racial e valorização da cultura afrodescendente. O símbolo é usado como um lembrete de orgulho e resistência. No Brasil, o sankofa é uma celebração da herança africana e uma ferramenta para reafirmar a identidade cultural de afrodescendentes.