O uso de inteligência artificial (IA) na terapia psicológica tem ganhado espaço no Brasil, impulsionado pela busca por soluções acessíveis e imediatas para questões de saúde mental, o que geralmente custa muito caro para o salário mínimo do brasileiro. Aplicativos como ChatGPT, Woebot, Wysa e Youper oferecem suporte emocional, técnicas de respiração e meditação, além de diários emocionais inteligentes.

Essas ferramentas utilizam princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para auxiliar os usuários na identificação de pensamentos disfuncionais e na promoção do autocuidado emocional. Tais princípios tem caráter prático na vida do paciênte mas não tem nada a ver com o sentido real de uma terapia já que não envolve vínculo, escuta, exposição e amor, principais características de uma sessão.

A falta de contato humano pode comprometer a eficácia do tratamento, especialmente em casos graves como ideação suicida ou traumas profundos, e o foco prático das inteligências artificiais poderia até mesmo atraplhar a cura em alguns casos. Além disso, há preocupações éticas relacionadas à privacidade dos dados e à capacidade da IA de interpretar corretamente o contexto emocional dos usuários .

Estudos indicam que cerca de 10% dos brasileiros já recorreram a chatbots para desabafar ou buscar conselhos, refletindo uma tendência crescente de solidão e a busca por conexões disponíveis a qualquer momento. Embora a IA possa complementar o tratamento psicológico, ela não substitui a escuta ativa e o vínculo emocional proporcionados por um terapeuta humano.

Especialistas tem se preocupado com os números crescentes destes usuários e o quanto a banalização da escuta pode ser afetada no tecido social como um todo. O caráter íntimo e profundo de uma análise ou sessão tem o olhar do outro como foco central do desenvolvimento terapéutico, a consciência que se auto-analisa com uma IA perde completamente tais avanços consideráveis e importantes.

A reflexão dos psicanalistas sobre a constituição do Eu, do self, como uma estrutura gerada pela convivência com o outro, ou com a relação social em que está inserido como criadora de seus sentimentos e o que entende sobre eles, faz com que seja uma consequência necessária que o campo do Eu seja preenchido por um outro Eu, um outro humano. A consciência do analista e do analisado reconhecem a diferença de tal relação para uma com IA.