Veja; A descoberta da peculiar mariposa de língua gigante que Darwin previu
Recebendo o nome Xanthopan praedicta como tributo à previsão visionária dos cientistas, a mariposa tem uma língua de mais de 28 cm.

A natureza está repleta de adaptações impressionantes, e a mariposa Xanthopan praedicta é um exemplo extraordinário. Com uma língua de 28,5 cm, ela se destaca como o inseto com a probóscide mais longa já registrada, projetada para alcançar o néctar escondido nas profundezas das flores de Madagascar. Essa incrível característica não apenas confirma teorias de Darwin e Wallace, os fundadores da teoria da evolução, como também exemplifica a coevolução entre espécies.
Em 1862, Darwin recebeu uma orquídea de Madagascar, a Angraecum sesquipedale, com um tubo de néctar de quase 30 cm. Fascinado, ele teorizou que deveria existir um inseto com uma língua igualmente longa para alcançar o fundo da flor. Poucos anos depois, Wallace reforçou essa previsão e sugeriu que naturalistas buscassem tal mariposa na ilha. Décadas mais tarde, no início do século XX, uma mariposa com essas características foi descoberta e inicialmente classificada como uma subespécie chamada Xanthopan morganii.
No entanto, estudos realizados em 2021 esclareceram que a mariposa prevista por Darwin e Wallace era uma espécie distinta, recebendo o nome Xanthopan praedicta como tributo à previsão visionária dos cientistas. Essa descoberta foi um marco para a biologia evolutiva e um reconhecimento da precisão de suas teorias.
A medição dessa impressionante probóscide foi realizada com exemplares preservados em museus e também em um exemplar vivo, analisado por Dr. David Lees em Madagascar. Ele descreveu o momento como emocionante, ao desdobrar a língua de um macho e confirmar seu tamanho recorde.
A especialização da Xanthopan praedicta é um exemplo notável de coevolução. Sua longa probóscide permite acessar néctar em flores inacessíveis para outros animais, garantindo sua sobrevivência e auxiliando na polinização da orquídea. Essa relação simbiótica é uma prova de como a evolução molda características únicas tanto em plantas quanto em animais.
Assim, mais de 150 anos depois de sua previsão, a descoberta da Xanthopan praedicta não apenas valida as ideias de Darwin e Wallace, mas também destaca a beleza e complexidade das adaptações evolutivas na natureza.