Viés de adequação: Saiba o que a ciência diz sobre a origem da discordância
Um estudo recente publicado por pesquisadores da Universidade de Stanford, introduz o conceito da "ilusão de adequação da informação".

Parece óbvio que, em meio a uma problema à vista, múltiplas pessoas sugiram resoluções diversas. Porém, a divergência de opiniões quanto a um tema comum não se torna tão óbvia quando concluímos que o objeto de investigação é o mesmo para os dois. Podemos cair em religiosidade e nos conformarmos que a alma das pessoas é distinta, mas o que a ciência e a filosofia tem a dizer a respeito disso?
Dado que todos nós temos as mesmas capacidades sensoriais de apreensão aos objetos a nossa volta e que a razão seja aquilo segundo a qual a todos comporta mediante seus pensamentos, será correto afirmar que alguns a utilizam bem e outros não? Parecerá estranho apenas afirmar que a luta seja somente de quem tem razão e quem está errado, já que a história colocou os combates do avesso por tantas vezes.
Se é assim, então não poderiam os dois estarem certos? Ou melhor: os dois não partiriam de uma observação e preferência por um caminho, um viés, possível do objeto e assim descarta o outro? Um estudo recente publicado por pesquisadores da Universidade de Stanford, Ohio State University e Johns Hopkins introduz o conceito da “ilusão de adequação da informação“.
Segundo esse trabalho, muitas vezes acreditamos ter informações suficientes para embasar nossas opiniões ou decisões, quando na verdade estamos lidando com dados limitados. Esse fenômeno está intimamente ligado ao realismo ingênuo – a crença de que nossa visão de mundo é objetiva, ignorando sua natureza subjetiva.
Embora essa crença simplifique nossas interações cotidianas e nos ajude a navegar a complexidade da vida, ela também abre portas para vieses cognitivos. Superestimamos nossas habilidades, desconsideramos perspectivas alheias e criamos falsas certezas sobre o mundo ao nosso redor. Afinal, como dizia Sócrates, “não sabemos o que não sabemos” – e, muitas vezes, nem reconhecemos essa ignorância.
Quando confrontamos visões opostas, pode ser tentador enxergar a questão como uma luta entre “certo” e “errado”. No entanto, talvez ambos os lados estejam certos, cada qual partindo de observações e interpretações legítimas, mas limitadas, de uma mesma realidade. Afinal, a busca por entendimento é tão influenciada por nossos vieses quanto por nossa razão, e a verdadeira sabedoria talvez resida em aceitar a complexidade da condição humana.