O humorista Léo Lins provocou uma verdadeira polêmica na cena cultural ao transformar sua condenação em marketing de seu novo show Enterrado Vivo. Sentenciado a oito anos e três meses de prisão por proferir piadas consideradas preconceituosas contra minorias — incluindo negros, obesos, pessoas com HIV, indígenas, deficientes, judeus, evangélicos e homossexuais —, Lins não apenas continua em cartaz, mas também tem esgotado sessões em São Paulo, em casas de até 720 lugares.

A estratégia de marketing é ousada: o show utiliza o status de “proibido” para atrair público. Conforme divulgado nas redes, seu espetáculo foi censurado em mais de 50 cidades durante 2024, o que só teria aumentado a curiosidade e o interesse dos espectadores. No palco, Lins dedica cerca de 70 minutos a satirizar o Judiciário, debochar do politicamente correto e repetir piadas polêmicas, incluindo referências a nazismo e pedofilia — exatamente os temas que embasaram sua condenação.

Para controlar gravações e evitar novas ações judiciais, o comediante instituiu regras rigorosas: celulares devem ser lacrados em sacos plásticos ao entrarem no teatro, e qualquer violação resulta na expulsão automática. Ele afirma que, sob orientação de advogados, o texto foi até “suavizado”, embora ainda mantenha um tom agressivo — ironicamente começando com um tema leve: a escravidão.

Mesmo condenado, Léo Lins segue livre enquanto recorre da decisão judicial e mantém uma intensa agenda de shows — mais de 20 apresentações previstas em diferentes regiões do Brasil. Sua defesa sustenta que as piadas são realizadas por um personagem cômico, e não refletem sua opinião pessoal, argumento central no recurso que pretende reverter a sentença.

A Justiça Federal da 3ª Vara Criminal de São Paulo determinou ainda o pagamento de multa equivalente a 1.170 salários mínimos e R$ 303,6 mil por danos morais coletivos, considerando que o conteúdo estimulava “violência verbal” e intolerância. O vídeo original do show que motivou a condenação — intitulado Perturbador — foi removido do YouTube em 2023, após ultrapassar três milhões de visualizações.