Atriz de Malhação ficou cega após agressões do ex
A atriz afirmou que os amigos ao redor percebiam a dinâmica tóxica, mas durante muito tempo ela não teve clareza emocional para romper.

Thaís Vaz, conhecida por interpretar a Flávia em Malhação (2004), recordou uma experiência traumática que viveu aos 19 anos: a perda total da visão do olho esquerdo após uma agressão do então namorado. Em entrevista recente à Marie Claire, ela detalhou que o ocorrido teve lugar durante o Carnaval em Cabo Frio, quando viajava com amigos e o parceiro, numa discussão, desferiu um soco contra uma janela de vidro. O impacto fez os estilhaços atingirem o seu olho—ela não percebeu de imediato, até que amigas perceberam o sangue, momento em que entendeu que algo grave havia acontecido.
Ela contou que nas semanas seguintes passou por uma série de complicações: deslocamento de retina, catarata traumática, corte na córnea. Recebeu, inclusive, uma cirurgia de cinco horas que acabou não sendo suficiente. A retina deslocou novamente, e os médicos concluíram que não havia mais possibilidade de recuperação da visão. Thaís relatou que a perda da visão tornou seu olho atrofiado, desde então ela não consegue enxergar por ali.
“Ele bateu no vidro, que quebrou com força e atingiu meu olho. Foi uma correria. Nem eu tinha entendido direito o que tinha acontecido. A janela formou uma bola com uma estaca, e o lugar onde ele bateu furou o braço dele. Ele perdeu muito sangue”. Para recuperar a simetria estética, Thaís faz uso de uma lente escleral, uma prótese ocular feita sob medida e pintada à mão, que lhe confere aparência natural e permite que ela continue seu trabalho na dramaturgia. Ela reconheceu a adaptação como uma bênção, ressaltando que muitas pessoas não toleram a lente, mas ela teve sorte nesse aspecto.
“Graças a Deus, tive uma boa adaptação, 80% das pessoas não têm essa sorte. É caro, foi uma bênção. Isso me permitiu trabalhar. Entrei em Malhação, também não contei para ninguém. E quando descobriram, achei que fosse perder tudo, mas deu tudo certo”. Ela reforçou que, apesar de ter reagido a episódios de agressão verbal ou física, o ciclo abusivo persistia.
Os amigos ao redor percebiam essa dinâmica tóxica, mas durante muito tempo ela não teve clareza emocional para romper “Ele já era uma pessoa difícil até com os amigos, irredutível mesmo. Era aquele tipo de pessoa que se ele falava, estava certo (…) E aí começava uma briga que todos os amigos ao redor sabiam que era um relacionamento tóxico, sabe? Todo mundo percebia.”
Depois do choque e da perda da visão, Thaís montou a peça Hiena: o Riso sobre o Tóxico, baseada em sua trajetória. O espetáculo busca sensibilizar outras mulheres, dialogando sobre sobrevivência, autoestima e saída de vínculos abusivos. Hoje, aos 44 anos, Thaís exerce uma atuação que orienta mulheres a identificarem sinais de relacionamentos nocivos.