Cães tem preferência na hora de assistir TV; entenda
Os pesquisadores destacaram que os avanços tecnológicos nas telas — como maior definição de imagem e som — contribuem para tornar a experiência audiovisual mais envolvente até mesmo para os animais.

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, revelou que a forma como os cães interagem com a televisão varia de acordo com a personalidade de cada animal. A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, é uma das primeiras a analisar em profundidade a percepção canina diante de estímulos visuais e sonoros emitidos por telas.
Os cientistas recrutaram 650 tutores de cães para responder a um questionário detalhado, com 16 perguntas voltadas para o comportamento dos pets ao assistir TV. Com base nas respostas, os pesquisadores criaram a chamada Escala de Visualização de Televisão para Cães (DTVS, na sigla em inglês), uma ferramenta inédita que permitiu mensurar o interesse e as reações dos animais diante de diferentes tipos de estímulo.
Segundo os dados coletados, cerca de 45% dos cães latiam ao ouvir sons de outros cachorros na televisão — o que demonstra uma clara sensibilidade aos estímulos auditivos associados a sua espécie. No geral, os pets mostraram maior envolvimento emocional e comportamental ao visualizar outros animais nas telas, em comparação com objetos inanimados ou figuras humanas. A equipe de pesquisa concluiu que os cães não apenas reagem à televisão, mas também a percebem como um ambiente repleto de significados, especialmente quando o conteúdo apresentado remete ao seu próprio universo.
O temperamento dos animais também se mostrou um fator determinante. Cães descritos como ansiosos ou medrosos apresentavam maior reação a sons não relacionados a animais, como buzinas ou campainhas, e demonstravam menor engajamento com a movimentação de animais na tela. Já os cachorros mais agitados ou impulsivos acompanhavam com mais frequência os objetos em movimento com o olhar, revelando um tipo de atenção mais ativa.
Os pesquisadores destacaram que os avanços tecnológicos nas telas — como maior definição de imagem e som — contribuem para tornar a experiência audiovisual mais envolvente até mesmo para os animais, cujos sentidos são bastante diferentes dos humanos. Com isso, a presença de cachorros assistindo TV em lares ao redor do mundo tende a crescer, e compreender esse comportamento pode ajudar tutores e treinadores a aprimorar práticas de bem-estar e enriquecimento ambiental.
A pesquisa, no entanto, traz uma limitação importante: os dados foram colhidos apenas de tutores que permitem que seus cães assistam à televisão. Ainda assim, os autores afirmam que o estudo representa um passo relevante para futuras investigações sobre cognição canina e pode servir de base para o desenvolvimento de conteúdos audiovisuais voltados especificamente para pets.
Além disso, os pesquisadores sugerem que os donos fiquem atentos ao tipo de conteúdo exibido quando os cães estiverem por perto. Vídeos com animais ou sons familiares, por exemplo, podem ser positivos, enquanto imagens caóticas ou sons agudos podem gerar estresse. Com mais estudos como esse, será possível entender cada vez melhor como os cães percebem e interagem com o mundo — inclusive aquele transmitido pelas telas.