O cantor Caetano Veloso ingressou com um pedido na Justiça de São Paulo para participar do processo de inventário dos bens deixados pelo escritor e influenciador Olavo de Carvalho, falecido em janeiro de 2022. A iniciativa tem como objetivo garantir o recebimento de uma indenização milionária que Olavo deixou de pagar em vida, decorrente de um processo por danos morais movido por Caetano.

Segundo informações divulgadas pelo colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, a dívida atual supera os R$ 4 milhões, valor que inclui multas e juros acumulados ao longo dos anos. O embate judicial entre os dois começou em 2017, quando Olavo acusou publicamente Caetano de pedofilia, mencionando o início do relacionamento do músico com Paula Lavigne, que começou quando ela tinha 13 anos e ele 40.

As declarações geraram forte repercussão e levaram Caetano a acionar a Justiça, pedindo reparação por danos morais e a exclusão das postagens ofensivas das redes sociais. A Justiça atendeu ao pedido e determinou a remoção imediata das publicações, estabelecendo uma multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Em agosto de 2020, Olavo chegou a pagar R$ 65.966,78 a título de indenização, mas se recusou a apagar as postagens. O descumprimento da ordem judicial fez com que a multa se acumulasse, transformando a condenação inicial em uma dívida milionária. Após a morte de Olavo, o juiz Guilherme Pedrosa Lopes decidiu que o espólio do escritor — isto é, seu conjunto de bens, direitos e obrigações — deve responder pelas dívidas até a conclusão do inventário.

Diante disso, os advogados de Caetano querem que ele seja reconhecido formalmente como credor no processo sucessório, para que a indenização seja paga com recursos provenientes da herança, incluindo direitos autorais e receitas obtidas com a venda dos livros de Olavo de Carvalho. Há, porém, entraves jurídicos no processo, uma vez que parte do patrimônio do escritor estaria no exterior, principalmente nos Estados Unidos, onde ele viveu por muitos anos, o que pode atrasar a partilha e o pagamento das dívidas. Enquanto isso, a Justiça já autorizou, de forma provisória, a penhora de valores arrecadados com a venda das obras do escritor para garantir o cumprimento da decisão judicial favorável a Caetano Veloso.