Nesta quinta-feira (19), o Ministério Público da Bahia anunciou a abertura de um inquérito para investigar se a cantora Claudia Leitte cometeu racismo religioso durante uma apresentação em Salvador. O caso ganhou repercussão após a artista alterar a letra da música Caranguejo, que originalmente inclui uma saudação a Iemanjá, substituindo-a por “eu canto meu rei Yeshua”, uma referência a Jesus em hebraico.

A mudança gerou críticas intensas nas redes sociais e foi alvo de repúdio pelo Secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho. Em um post no Instagram, ele declarou: “Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo.”

Até o momento, Claudia Leitte não se pronunciou sobre o episódio. Segundo o Ministério Público da Bahia, a denúncia foi formalizada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro).

O caso está sendo conduzido pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, que irá apurar as responsabilidades pela possível prática de racismo religioso, além da violação de bens culturais e direitos das comunidades religiosas de matriz africana. A investigação pode levar, ainda, a uma eventual responsabilização criminal.