Um recente estudo internacional acendeu um alerta global: os problemas de visão tendem a se agravar nas próximas décadas e podem afetar bilhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a pesquisa publicada na revista científica The Lancet Global Health, estima-se que mais da metade da população mundial terá algum grau de miopia até 2050 — e o cenário é ainda mais preocupante em países com altos índices de urbanização e uso excessivo de telas.

O estudo, conduzido por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, analisou dados de saúde ocular de diferentes regiões do mundo e concluiu que o aumento drástico nos casos de miopia, hipermetropia e outras doenças oftalmológicas está diretamente ligado a fatores comportamentais e ambientais. Entre os principais vilões, estão o uso prolongado de celulares, tablets e computadores, a falta de exposição à luz natural e o sedentarismo, principalmente entre crianças e adolescentes.

Segundo os especialistas, a pandemia da Covid-19 acelerou esse processo. Com o confinamento e o ensino remoto, milhões de crianças passaram a ficar ainda mais tempo em ambientes fechados e com olhos grudados em telas, reduzindo drasticamente o tempo dedicado a atividades ao ar livre — algo considerado essencial para o desenvolvimento saudável da visão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já classifica a miopia como uma epidemia global. A entidade prevê que, até 2050, cerca de 10% da população mundial pode desenvolver miopia alta — uma condição que, se não tratada, pode causar cegueira irreversível. Ainda segundo a OMS, aproximadamente 2,2 bilhões de pessoas no planeta já têm algum tipo de deficiência visual, sendo que pelo menos 1 bilhão desses casos poderia ter sido evitado com diagnóstico e tratamento adequados.