O pastor Jece Goes, líder do Ministério Canaã em Fortaleza, causou polêmica nesta semana ao expor, em pleno púlpito, os altos valores cobrados por influencers religiosos em eventos evangélicos. Segundo ele, fechar qualquer cantor para um culto virou quase missão impossível: “Faz dois meses que ligamos todo dia para cantor. É R$ 15 mil, R$ 20 mil…”, revelou durante uma pregação, ainda destacando que muitos artistas só aceitam com banda completa — seis a dez integrantes — e ainda exigem relatório de público, o que, para ele, desvirtua o propósito do evangelho.

Em tom de crítica, o pastor questionou se isso não seria “vergonha” e perguntou, indignado: “Onde está o respeito ao Evangelho?”, questionou ele diante da congregação. Jece Goes completou sua fala dizendo que sua missão não é pregar para multidões por fama ou lucro: “Deus não me chamou pra pregar para multidão. É para um, para dois, para muitos… Quem manda o povo é Deus”, reforçou, condenando o que chamou de “comercialização do evangelho” .

O tema já era quente nos bastidores: em 2022, pastor Julio Santos também se disse “horrorizado” com valores de até R$ 80 mil cobrados por nomes como Aline Barros — e alertou que isso desvirtua o culto e coloca barreiras entre as igrejas mais simples e artistas famosos. Dados de novembro daquele ano apontavam que muitos cantores cobram entre R$ 25 mil e R$ 80 mil por apresentações de 1h30, uma verdadeira facada para ministérios menores.

A opinião pública também já se manifestou: o pastor Anderson Silva, por exemplo, acusou o cantor Fernandinho de transformar a adoração em negócio ao cobrar mais de R$ 100 mil para eventos nos EUA, lembrando que “de graça recebestes, de graça deveis dar”.

Entre o fervor do púlpito e o barulho nas redes, internautas criticam a teologia da prosperidade e o que chamam de “mercado da fé”: “É uma vergonha cobrar o olho da cara em nome de Deus”, escreveu um blogger; outro comparou pastores e influencers a lobos que se aproveitam dos fiéis.