Por que o ser humano tem 4 tipos de sangue e quais suas diferenças?
A variedade sanguínea dentro da espécie humana é uma maneira eficiente de impedir que uma única doença, altamente transmissível e letal, consiga afetar toda a população de forma igual.

Os diferentes tipos de sangue existentes nos seres humanos — A, B, AB e O, cada um podendo ser positivo ou negativo — são resultado direto de milhões de anos de evolução e adaptação a doenças. Essa diversidade não é aleatória. Especialistas em genética e imunologia acreditam que a variedade sanguínea surgiu como um mecanismo de defesa contra epidemias e infecções ao longo da história da humanidade.
A diferença entre os tipos sanguíneos está nos antígenos presentes na superfície das hemácias, que são proteínas específicas reconhecidas pelo sistema imunológico. O tipo A possui o antígeno A, o B tem o antígeno B, o AB apresenta os dois, e o tipo O não possui nenhum. O fator Rh, por sua vez, é uma outra proteína que pode ou não estar presente, definindo se o sangue é positivo ou negativo.
A seleção natural parece ter favorecido certos tipos em determinadas regiões do mundo. Por exemplo, o tipo O, mais comum em populações africanas e sul-americanas, está associado a uma resistência maior à forma mais grave da malária, causada pelo parasita Plasmodium falciparum. Isso porque o parasita tem mais dificuldade de se multiplicar em glóbulos vermelhos do tipo O.
Já pessoas com sangue do tipo A parecem ter uma maior propensão a desenvolver sintomas mais severos da malária e até maior risco para certos tipos de câncer ou doenças infecciosas. Essas associações não significam imunidade ou condenação, mas refletem padrões genéticos selecionados ao longo do tempo por pressões ambientais e sanitárias.
Além do sistema ABO e do fator Rh, o sangue humano também possui outras classificações menos conhecidas, como o sistema Duffy, que também influencia a vulnerabilidade à malária, especialmente causada por outro parasita, o Plasmodium vivax. Pessoas que não possuem a proteína Duffy em suas hemácias são praticamente imunes a essa forma da doença, o que ajuda a explicar por que essa característica é tão prevalente em certas regiões da África.
Cientistas ainda estudam as origens exatas dessas variações, mas as evidências indicam que os tipos de sangue se consolidaram como formas complementares de defesa biológica. A variedade sanguínea dentro da espécie humana é uma maneira eficiente de impedir que uma única doença, altamente transmissível e letal, consiga afetar toda a população de forma igual.