A divisão do seguro pago às vítimas do acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça em 2021 continua gerando controvérsias. Após denúncias nas redes sociais e entrevistas com familiares, a seguradora responsável pelo processo, a MAPFRE, decidiu quebrar o silêncio e se pronunciar oficialmente sobre o caso.

Em nota enviada à imprensa no dia 15 de julho, a empresa afirmou que cumpriu integralmente o acordo judicial estabelecido entre todas as partes envolvidas, destacando que os termos foram definidos com base em critérios técnicos e aceitos formalmente por todos os beneficiários. A companhia ressaltou que não houve imposição unilateral e reforçou que não comentará detalhes do processo devido ao sigilo judicial.

A polêmica se intensificou após declarações de familiares de outras vítimas, que afirmam que Dona Ruth, mãe de Marília Mendonça, teria ficado com 50% do valor total do seguro, estimado em cerca de 1 milhão de dólares — aproximadamente R$ 5,5 milhões na cotação da época. Os demais beneficiários, ligados ao produtor Henrique Ribeiro, ao piloto Geraldo Medeiros, ao copiloto Tarciso Pessoa Viana e ao tio-assessor da cantora, teriam dividido os 50% restantes.

Um áudio divulgado recentemente pela viúva de Henrique Bahia trouxe ainda mais tensão ao caso. Na gravação, de 2022, ela implora por uma divisão mais justa e diz não compreender por que a família da cantora teria direito à metade do valor. Segundo ela, Dona Ruth respondeu que essa questão deveria ser tratada diretamente com os advogados.

Em entrevista ao programa Fantástico, Dona Ruth negou ter decidido qualquer porcentagem e declarou que nunca discutiu valores com as outras famílias. Disse ainda que apenas seguiu o que foi determinado judicialmente, com base em análises técnicas. Segundo ela, a Justiça teria considerado fatores como a projeção pública de Marília, sua posição como contratante do voo e o impacto econômico da sua morte.

Fontes próximas ao processo explicaram que a MAPFRE só libera o pagamento do seguro após todos os beneficiários entrarem em consenso. Por isso, mesmo aqueles que se sentiram lesados acabaram assinando o acordo para evitar que o dinheiro ficasse retido judicialmente por tempo indeterminado. George Freitas, pai de Henrique Bahia, disse à imprensa que, embora não concordasse com a divisão, aceitou para garantir algum recurso à família de seu filho, já que estender a disputa judicial poderia levar anos.

Eis a nota: “A MAPFRE informa que cumpriu integralmente o acordo homologado judicialmente, construído em consenso entre as partes e com base em critérios técnicos. A companhia não comentará outros detalhes sobre o caso.”

A aeronave envolvida no acidente era um Beechcraft King Air C90A, que caiu próximo à cidade de Caratinga, em Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 2021. O voo transportava Marília Mendonça e sua equipe para um show na cidade, mas acabou colidindo com cabos de alta tensão antes da aterrissagem. O laudo do Instituto Médico Legal apontou politraumatismo como causa da morte das cinco vítimas.