A estreia do novo quadro do Fantástico, o Pode Perguntar, teve como primeira convidada Vera Fischer, 73 anos, que bateu um papo sincero, divertido e sem fugir de temas delicados com uma plateia de 29 pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1 de suporte.

Durante os 20 minutos de conversa, Vera mostrou seu lado atencioso, empático e, bem-humorado. O quadro também ajudou a dar ainda mais visibilidade à presença do autista na sociedade e no audiovisual.

Logo de cara, uma jovem quis saber: sendo Vera Fischer um símbolo sexual, ela ainda gostava de fazer sexo? A atriz caiu na gargalhada e respondeu sem rodeios. “Eu estou com 73 anos. Você sabe como eu faço sexo? Eu comigo mesma. Já ouviu falar em masturbação, né? É ótima, uma terapia maravilhosa.”

O papo esquentou também quando Vera falou sobre o seu pai, um camponês alemão que admirava Hitler. Ela relembrou: “Como meu pai era um camponês simples, acreditou naquelas palavras inflamadas, nos discursos horrorosos.” Contou também que ele sugeriu que ela lesse o livro do ditador, mas ela rebateu. “Eu falei: ‘negativo, negativo. Você quer me dar um livro para ler? Então procure alguma coisa importante na literatura que a sua filha vá gostar de ler’. O resultado foi que ma semana depois, ganhou uma coleção de capa dura de Dostoiévski.

Outro momento emocionante foi quando perguntaram qual o maior ato de gentileza que ela já recebeu. Vera se emocionou ao lembrar dos filhos, Rafaela (com o ator Perry Salles) e Gabriel (do relacionamento com Felipe Camargo). “A minha filha, que tem 42 anos agora, na época em que eu me drogava, ela ficou muito, muito mal, preocupada.” E revelou como a filha armou um esquema para interná-la na Argentina, longe da pressão da imprensa. “Eu fui muito bem tratada lá, o lugar onde mais eu aproveitei, digamos assim.”

Vera também relembrou um gesto carinhoso do filho Gabriel, ainda pequeno. “E o meu filho fez um bilhete quando estava na escola, ainda no primário. Ele disse assim: ‘mamãe, fique sempre linda, nunca fique na chuva pra se molhar, fique sempre trabalhando pra não ficar pobre e fique sempre bonita de coração’. Isso eu tenho emoldurado do lado da minha cama.”

Falando em Felipe Camargo, o casamento conturbado dos dois também veio à tona. Os dois se apaixonaram nos bastidores da novela Mandala, onde interpretavam mãe e filho (Jocasta e Édipo). “Fomos muito felizes, mas tem casamentos que acabam. E, sim, eu me envolvi com drogas, sim. Mas quem também já não se envolveu com outras coisas? Drogas lícitas ou ilícitas, bebida ou seja lá o que for?”

Também comentou sobre o uso de cocaína. “A cocaína é uma coisa que dá um poder à pessoa, a pessoa se sente muito poderosa. Eu sou uma pessoa que nunca precisaria disso. Mas a gente teve muitas brigas, sim, por ciúme, incompreensão, imaturidade, mas, olha, foi um casamento bacana enquanto durou.”