Vereadora trans sofre transfobia durante posse no interior de SP
Filipa exerce seu segundo mandato como primeira vereadora travesti de Araraquara

A posse de prefeito e vereadores no município de Araraquara, no interior de São Paulo na última quarta-feira (1), foi marcada por vaias e ofensas transfóbicas contra a vereadora Filipa Brunelli (PT).
Durante seu discurso, a parlamentar criticou a posição ideológica do prefeito recém-empossado, Dr. Lapena (PL), declarou que será oposição ao prefeito e associou seu governo a um “alinhamento ao retrocesso e à defesa de figuras políticas violadoras de direitos humanos”, como referência ao ex-presidente da república, Jair Bolsonaro (PL), do mesmo partido.
A partir dessas declarações, vários protestos da plateia ocorreram, incluindo ofensas transfóbicas. O reação foi tão forte, que a fala da vereadora foi interrompida e ela precisou solicitar a intervenção do presidente da Câmara, Rafael de Angeli (Republicanos). Ele pediu respeito e lembrou que o regimento interno assegura o direito à manifestação dos vereadores. E ainda assim, as vaias continuaram, impedindo a conclusão do discurso de Filipa.
Agora, o gabinete da vereadora tenta identificar os autores das ofensas por meio de gravações da cerimônia, além de videos feitos pelo público, mas até o momento não foram tomadas medidas judiciais por conta da falta de evidências claras.
Vale lembrar que em 2021, ela acionou o Ministério Público depois de sofrer ofensas violentas online devido ao apoio que ela deu ao lockdown durante a pandemia. O caso resultou, em 2023, na condenação de dez pessoas por LGBTfobia, marcando a primeira decisão judicial do tipo na comarca de Araraquara.
Filipa foi eleita pela primeira vez em 2020, como um das 26 pessoas trans a conquistar um cargo político no Brasil.