Pesquisa desenvolve feijão mais sustentável
A nova técnica promete um feijão com melhor digestibilidade

Pela primeira vez, desenvolveram uma variedade de feijão editada geneticamente para reduzir fatores antinutricionais. Os pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão utilizaram as técnicas CRISPR e desativaram dois genes responsáveis pela produção de rafinose e estaquiose, carboidratos que, mesmo presentes em alimentos nutritivos, também apresentam desconfortos digestivos.
A técnica também chamada de “tesoura molecular” permitiu bloquear os genes que ativam a rota de produção desses compostos. “A edição gênica representa uma revolução, especialmente para aprimorar a qualidade nutricional e tecnológica dos grãos, tornando as variedades mais atraentes para produtores e consumidores”, explica a cientista Rosana Vianello.
Esse avanço integra o projeto “Desenvolvimento e aplicação de novas soluções biotecnológicas no melhoramento genético do feijão-comum”, financiado pelo CNPq e coordenado por Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Apesar do feijão ser uma fonte rica em aminoácidos, fibras e minerais, os fatores antinutriocionais como os carboidratos do grupo rafinose estão presentes e limitam a digestibilidade. O corpo humano não produz enzimas para digerir essas moléculas, e sua fermentação por microrganismos intestinais gera gases como metano e dióxido de carbono.
As práticas como deixar o feijão de molho antes do cozimento ajudam a reduzir esses compostos. Mas, a solução genética permite uma solução mais duradoura e eficiente, eliminando procedimentos no preparo. Além de criar alimentos mais nutritivos, a tecnologia CRISPR abre caminho para o desenvolvimento de variedades resistentes a pragas, tolerantes a condições climáticas adversas e até mais produtivas, contribuindo significativamente para a agricultura sustentável.
A nova variedade de feijão promete atender necessidades dos consumidores e exigências do mercado. Reduzir os fatores antinutricionais sem comprometer o sabor ou a qualidade do grão e coloca o Brasil na vanguarda das inovações agrícolas globais.