Cheiro de bebê e de vó: Por que o odor humano muda ao longo da vida?
A ciência explica o cheiro da infância, adolescência e velhice

O aroma corporal sofre variações ao longo da vida, e as mudanças que ocorrem têm explicação biológica, além de desempenharem um papel importante na seleção social e evolutiva. Durante a infância, por exemplo, o odor corporal geralmente é leve devido à baixa atividade das glândulas sudoríparas e à composição mais simples do microbioma da pele (a comunidade de microrganismos).
Muitas vezes, os pais conseguem identificar a “fragrância” que o próprio filho exala e preferem-na à de crianças desconhecidas. Nesse caso, os odores geram uma percepção olfativa emocional agradável. Já na adolescência, ocorre uma mudança significativa no odor corporal devido à produção de hormônios, que induz a ativação das glândulas sudoríparas e sebáceas. É a degradação conjunta dos lipídios e do sebo liberados por essas glândulas, presentes em quase toda a pele, que gera o característico aroma “humano”.
A decomposição dessas substâncias ocorre quando entram em contato com o ar e as bactérias da pele. Microrganismos como o Staphylococcus convertem gorduras em ácido acético e ácido 3-metilbutanoico, responsáveis pelo cheiro azedo típico dos adolescentes. As glândulas sebáceas atingem sua atividade máxima na idade adulta. Apesar de o odor corporal ser menos intenso do que na adolescência, ele permanece, variando de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como dieta, estresse, níveis hormonais e o microbioma da pele.
Com o envelhecimento, a falta de colágeno na pele comprime e reduz a atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas. A perda das primeiras explica a dificuldade dos idosos em manter o equilíbrio térmico. Quanto às glândulas sebáceas, não só a produção diminui, mas também a sua composição muda, reduzindo a quantidade de compostos antioxidantes, como a vitamina E e o esqualeno.
À medida que a pele amadurece, sua proteção antioxidante diminui, gerando maior presença de compostos que podem alterar o aroma corporal. Por isso, para minimizar esse traço olfativo, é recomendado beber bastante água, praticar exercícios, manter uma alimentação saudável, reduzir o estresse e diminuir o consumo de tabaco e álcool. Todos esses hábitos ajudam a reduzir o estresse oxidativo, responsável pelo nosso odor.