A controvérsia envolvendo o padre Fábio de Melo e um ex-gerente da cafeteria Havanna, em Joinville (SC), ganhou novos desdobramentos judiciais. Jair José Aguiar da Rosa, demitido após a repercussão de um vídeo viralizado nas redes sociais, entrou com um processo cível contra o religioso e prepara uma ação trabalhista contra a empresa.

Segundo o advogado Eduardo Tocilo, que representa Jair e o Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sitratuh), a demissão teria sido motivada mais por pressão da repercussão negativa nas redes do que por uma avaliação justa dos fatos. “A empresa tentou se blindar do escândalo atribuindo toda a responsabilidade ao empregado”, declarou Tocilo pelas redes sociais.

O caso ganhou notoriedade em maio, após um vídeo viral mostrar um desentendimento envolvendo um pedido de doce de leite dentro da unidade da cafeteria em que o padre Fábio de Melo estava presente. Apesar de a gravação não mostrar diretamente o religioso se envolvendo na discussão, ele fez comentários nas redes sociais que ajudaram a amplificar a exposição do episódio. Jair, que não aparece interagindo com o padre nas imagens, afirma que não teve qualquer contato direto com o religioso e alega que foi injustamente responsabilizado.

Em entrevista ao programa Tá na Hora, do SBT, Jair relatou os impactos emocionais que vem enfrentando desde a demissão. “Minha vida virou de cabeça para baixo. Faltavam apenas três meses para eu me formar, mas fui forçado a trancar a faculdade. Entrei em depressão e fui diagnosticado com três síndromes distintas. A exposição nas redes foi muito maior do que eu poderia suportar”, desabafou. Além disso, ele relatou medo constante de sair de casa por receio da reação das pessoas nas ruas. “Sinto muita vergonha. Parece que fui cancelado por algo que não fiz.”

Diante da repercussão, o padre Fábio de Melo emitiu um comunicado ao programa, no qual reiterou sua postura pacífica e afirmou jamais ter tido a intenção de prejudicar ninguém. “Nunca, em tempo algum, levantei minha voz ou tomei atitudes com o objetivo de ferir ou causar danos a quem quer que fosse”, afirmou. Ele ainda criticou o ambiente tóxico das redes sociais, onde, segundo ele, os julgamentos são imediatos e, muitas vezes, injustos. “Vivemos tempos difíceis, em que a verdade é soterrada pelo barulho dos julgamentos precipitados e pela crueldade dos tribunais virtuais”, escreveu.

O religioso encerrou sua nota reforçando o compromisso com sua missão espiritual. “Se, em algum momento, minha presença ou palavras causaram dor, estendo a mão com humildade, para acolher e dialogar, não para julgar. O amor, como ensinou Cristo, é sempre perdão e oferta.”